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Judiciário alerta tribunais para facilitar denúncia de violência à mulher

10-04-2020 21:01:58 (1344 acessos)
É preciso que o Sistema de Justiça e toda rede de enfrentamento à violência doméstica, estejam alerta e que a sociedade, mesmo em isolamento contra infecções, saiba agir. É o alerta às delegacias, abrigos, defensoria e ministério público, feito pela coordenadora do Movimento Permanente de Combate à Violência Doméstica, Maria Cristina Ziouva. Fala em nome do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como uma determinação aos Tribunais de todo o Brasil.

 


CNJ ordenou a todos os segmentos do Judiciário que coloquem os canais

de comunicação, telefones e e-mails de contato de serviços públicos para

denúncia de casos de violência doméstica. Por telefone, whatsapp, e-mail

ou mesmo presencialmente, é possível denunciar agressões e receber proteção

do Estado, mesmo no período emergencial de saúde provocada pelo novo coronavírus.

 

“Pedidos de proteção contra violência doméstica são considerados serviço de urgência pela Justiça”, afirma Maria Cristiana. “Mulheres que vivem relações abusivas precisam saber que todo o Sistema de Justiça brasileiro continua trabalhando. É fundamental que as vítimas procurem os serviços de acolhimento e proteção, como delegacias, defensorias, ministério público e o Judiciário. Elas não estão desprotegidas, não estão à mercê dos seus agressores”, diz Ziouva. Ouça aqui o áudio completo da conselheira.

Os canais online, como as delegacias eletrônicas para registro de boletim de ocorrência, são alternativas para quem passa pela quarentena em situação de violência. A juíza Luciana Lopes Rocha, uma das coordenadoras do Núcleo Judiciário da Mulher e titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Taguatinga, no Distrito Federal, ressalta que o importante é fazer com que as denúncias cheguem até o sistema de Justiça. “Diga que vai à farmácia, ou mercado, aproveite e peça ajuda, ligue para o 190, ou para o whatsapp disponibilizado pela polícia”, sugere a magistrada.

Medidas protetivas

Para combater a violência doméstica durante a fase de quarentena, magistrados têm analisado e deferido com urgência os pedidos de medidas protetivas. “A casa é um local de perigo para mulheres que muitas vezes está ali sendo controlada, vigiada por esse homem, e não consegue sair para pedir ajuda. Mas é preciso que os casos sejam reportados, seja por um vizinho, um amigo, um parente ou por ela mesma. Isso precisa vir à tona”, diz Luciana Rocha.

No Rio de Janeiro, a juíza titular da Vara de Violência Doméstica, Adriana Mello,

percebeu uma procura acentuada por medidas protetivas de urgência nos últimos

dias. “Isso tem nos preocupado. A rede de enfrentamento à violência está tendo

de dar conta desse aumento, mas a falta de estrutura é grande”, diz a magistrada. “

Só não deixem de denunciar. As medidas protetivas são fundamentais para interromper uma escalada fatal”, alertou.

Isolamento social

Aumento na violência doméstica é um amargo efeito colateral da quarentena, imposta com o objetivo de frear a pandemia do novo coronavírus. A ONU Mulheres emitiu nota oficial sobre a necessidade de os governos adotarem campanhas emergenciais para combater o incremento da violência doméstica nessa fase de confinamento.

Disque 180, central de atendimento do governo federal para casos de violência doméstica, registrou aumento de quase 10% no número de ligações e de 18% nas denúncias de violência, nas duas primeiras semanas do confinamento. No entanto, em muitas cidades, houve justamente o oposto: uma redução das denúncias.

Magistrados especializados na área de violência dizem que essa queda pode ter dois motivos: a redução da violência, seja pela diminuição na drogadicção e no consumo de álcool, seja por maior harmonia familiar, ou, por outro lado, que a quarentena estaria dificultando o acesso da mulher às portas de entrada à Justiça. “O medo da pandemia paira na população em geral e agrava o medo. O medo enfraquece a capacidade da pessoa, gera paralisação. A dificuldade para fazer uma denúncia contra o companheiro agora é maior, mais estressante. Essa mulher tem um medo qualificado. Ela tem medo de adoecer, de sair de casa, tudo isso somado ao medo natural de romper com um ciclo conhecido”, avalia Jamilson Haddad, juiz titular da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar do Mato Grosso.

Também para juíza Madgéli Frantz Machado, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), é mais provável que a dificuldade de denunciar seja a principal causa da redução dos registros. “Essas mulheres não estão conseguindo pedir medidas protetivas, porque não conseguem denunciar, não saem de casa, estão mais vigiadas, mais paralisadas. As vítimas ficam 24 horas com os agressores e não são ouvidas onde trabalham; não encontram os parentes, em quem podiam confiar para desabafar. Não está fácil. Temos de ouvi-las e fazer algo. Todos nós”, diz.

Serviço

Casos de violência ou assédio, a qualquer hora do dia ou da noite, devem ser

comunicados pelo telefone 190. Qualquer pessoa pode fazer a denúncia: a

própria mulher, vizinhos, parentes ou quem estiver presenciando, ouvindo ou

que tenha conhecimento do fato. Para os casos não emergenciais, o Disque

180 ou o Disque 100 também recebem denúncias e oferecem orientações. Em t

odo o País, as casas de abrigo seguem funcionando normalmente embora,

em alguns locais, estejam recebendo menos pessoas.

Em São Paulo, é possível registrar boletins de ocorrência pela Internet aqui. No Rio de Janeiro, a orientação é procurar as Delegacias da Mulher, que atendem urgências como violência física e sexual presencialmente; e, disponibilizam registro online para os demais casos de violência. Em Brasília, as denúncias e os registros podem ser feitos pelo Denúncia Online, pelo telefone 197 (opção 0), pelo telefone 190, pelo e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br, e pelo whatsapp 98626-1197, e também nas delegacias especializadas, presencialmente.

Para acionar a Defensoria Pública no Ceará, basta ligar 129, ou 997634909 (whatsapp), ou 987125180 (whatsapp) e ainda pelo e-mail: nudem@defensoria.ce.def.br. As Delegacias de Mulheres realizam flagrantes e descumprimentos de medidas protetivas presencialmente, 24 horas por dia. Também é possível registrar o boletim de ocorrência pela internet aqui.

Nas cidades de São Paulo, Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e São Luiz (MA), as Casas da Mulher Brasileira concentram serviços de delegacia e varas especializadas, Ministério Público, Defensoria Pública, atendimento médico, psicológico e social.

Para se proteger

Algumas atitudes podem auxiliar a mulher que sofre agressão, a se proteger durante o período de isolamento social. Uma delas é deixar uma chave reserva, da casa, em um lugar de fácil acesso para a mulher, sem o conhecimento do agressor. Isso pode permitir sair, caso precise. Avisar vizinhos e pessoas próximas sobre o risco de agressão, também é uma iniciativa importante. Estabeleça um sinal ou palavra que possam ser usados para avisar que está em risco. Assim, outra pessoa pode acionar a polícia se houver agressão.

Para as pessoas que estão próximas de mulheres em risco, a orientaço é manter contatos frequentes com a vítima, mesmo por meios virtuais. Também evite críticas e julgamentos que podem constrange-la e temer denunciar. Se acolher em casa a mulher em risco, não divulgue para não expor a vítima e outras pessoas. Oriente e informe sobre os serviços disponíveis, sobre como fazer boletim de ocorrência e pedir medida protetiva à Justiça. Se a cidade contar com uma casa abrigo ou casa de passagem, pode ser uma opção para esse período.

 

 

Fonte: Agência CNJ - Regina Bandeira
 

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