"Sábios" do planejamento e outros, pregam que é preciso aumentar o número
de vagas nos cursos de graduação superior. Primeiro a assertiva defendendo esse
caminho, é o mesmo que persistir no erro. "Universidades" na visão do passado
recente foi exatamente essa, que obrigou à desativação de vagas, devido ao
clamor das associações profissionais observando a falta de qualidade na formação,
que ajudou no desemprego. Milhares de vagas foram retiradas do sistema, atendendo
uma espécie de socorro para tentar melhorar recursos humanos que o mercado exige.
Mas essa é uma busca que levará muitos anos, depois da tragédia recém. Reitores querem mais dinheiro, e até certo ponto tem razão; mas precisam aprender administrar recursos num tempo de escassez! Lamentavelmente se conduzem por rumos contrários, pois não reconhecem que estão formando mal pessoas que o mercado recusa, porque pouco sabem.
Enfim, é preciso voltar a valorizar as graduações, para que deixem de ser ensino médio melhorado. E na parte de cima, corrigir profundos enganos, quanto à pós-graduação, tornada comércio rendoso para os aproveitadores e empresários do ensino. Exigências severas para se entregar títulos! Se tiverem dúvidas consultem aqueles antigos que fugiram da perseguição no ambiente universitário e que podem dizer como era.
Universidade é conhecimento novo, pesquisa. E não adianta reclamar que não há dinheiro. Claro que não há, porque abusaram numa hora que deveriam avançar muito. Melhor é ajudar na condução de um novo ambiente, o da universidade construtiva, que dá azo à criatividade; porque o ser humano não deixou de querer ser melhor.
Quem emburreceu foram os administradores, a enorme burocracia que fez a educação chegar a esse estado de falência. Antes de ampliar vagas e cursos de graduação, é melhor projetar com responsabilidade o futuro do que o País está precisando. E os frutos não virão imediatamente. Primeiro é preciso limpar a sujeira deixada.
Verdade dos fatos afirmados está no número cada vez menor e no desencanto dos jovens e idosos quanto ao ensino universitário. Maioria tenta uma qualificação técnica que também está afetada, mas afeita à busca dos empresários por recursos humanos melhores. É bom que os futuros gestores não olhem só a "falta de recursos" e "aumento de vagas", mas especialmente para como formar. Se não fizerem isso, a mentira estará persistindo e o Brasil mergulhando cada vez mais no abismo, perdendo oportunidades.
Educação de hoje em números
A visão atual dos governantes
Na educação básica, atualmente 48,6 milhões de estudantes de 4 a 17 anos estão matriculados em 184,1 mil escolas públicas e privadas, mas cerca de 2,5 milhões não frequentam as salas de aula.
Isso significa que as redes pública e privada atendem 96,4% das crianças e adolescentes brasileiros. Em 1970, esse índice era de 48%, o que mostra a evolução do acesso à educação nos últimos anos no Brasil. O nível de aprendizagem, porém não acompanhou a universalização do acesso.
Os números da educação brasileira são tão grandes quanto o desafio do próximo presidente da República para impulsionar a educação no País. Para assegurar a melhoria da qualidade, serão necessários investimentos em áreas distintas: garantir um ensino médio mais inclusivo e atrativo, ampliar o acesso e o financiamento ao ensino superior e melhorar a formação de docentes.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade da educação, que mede tanto a aprovação dos estudantes quanto o nível de aprendizagem dos estudantes em português e matemática, mostra que o País cumpre as metas estipuladas apenas até o 5º ano do ensino fundamental. No ensino médio, a meta não é cumprida desde 2013.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), quando saem da escola, ao final do ensino médio, sete a cada 10 estudantes não aprendem o básico em português. O mesmo número tem aprendizado insuficiente em matemática. Na outra ponta, apenas 4,5% dos estudantes alcançaram um nível de aprendizagem considerada adequada pelo MEC em matemática e 1,6% em língua portuguesa.
No ensino superior, o desafio ainda é a ampliação de matrículas. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lei em vigor desde 2014, a taxa bruta de matrículas, ou seja, o número total de estudantes matriculados, independente da idade, dividido pela população de 18 a 24 anos, deve chegar a 50% até 2024 - atualmente é 34,6%. Esse número tem caído nos últimos anos, tanto no setor público quanto no setor privado. Políticas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) reduziram o número de beneficiados.
Nas universidades públicas, o orçamento não acompanhou, de acordo com os reitores, o aumento das matrículas e a expansão das instituições que ocorreu nos últimos anos. Os recursos previstos para investimentos em 2018 caíram para quase um quarto do que eram em 2013.
Além disso, sem a ampliação do número de bolsas permanência e outros auxílios - ofertados pelas instituições para estudantes de baixa renda - muitos estudantes que precisariam dos recursos acabam abandonando os estudos.
Os próximos governantes também terão que voltar a atenção a quem trabalha diariamente em sala de aula. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que muitos professores não têm formação nas disciplinas que lecionam. Em 2016, na educação infantil, 53,4% não tinham formação superior adequada à área. No ensino fundamental, o percentual chegava a 49,1% nos anos finais (do 6º ao 9º ano) e 41% nos anos iniciais (do 1º ao 5º ano). No ensino médio, 39,6% não tinham formação adequada.
Há ainda o desafio de valorizar esses profissionais. Atualmente, professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos. Precisam sobretudo de amparo técnico e apoio para transmnitir o conhecimento. Hoje nem mesmo segurança adequada dispõem. Frequentemente são ameaçados pela violência oriunda de vivências do lado de fora da escola.
Fonte: Agência Brasil
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