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Guia mostra quais peixes devem ser consumidos no Brasil

02-04-2019 13:58:23 (1590 acessos)
De 38 espécies de peixes com valor comercial considerável, pelo menos 22 não devem ser consumidas porque estão em desacordo com a preservação das espécies; foram fruto de pescarias ou fazendas não sustentáveis. Recomendação está num Guia de Consumo Responsável de Pescado, lançado (190402) pela ong WWF-Brasil.

 


Estão relacionadas entre as não recomendáveis, espécies como as do camarão-rosa e tubarão-azul (ou cação). No Guia aparecem como "categoria vermelha".

Na categoria amarela, foram listadas oito espécies, correspondentes a 21% do total, entre as quais se encontram a tilápia e o bonito listrado. Embora sejam provenientes de fontes que mostram algum risco à sustentabilidade, essas espécies podem ser consumidas, mas com moderação.

Na categoria verde, foram incluídas

também oito espécies (21%) mais

seguras para serem consumidas, como o

salmão rosa e alguns tipos de moluscos.

Anna Carolina Lobo, especialista em gestão ambiental e gerente do Programa Marinho, observou que entre as espécies de pescado situadas na lista verde e recomendadas para consumo, nenhuma é produzida no Brasil, como o salmão que vem do Chile. Somente na aquicultura, o País tem 4 espécies cultivadas na categoria verde, que são o mexilhão, a ostra do pacífico, a ostra do mangue e a vieira.

O Guia revela ainda que, das principais espécies consumidas no Brasil e avaliadas pelo WWF-Brasil, apenas 28% têm opção de produtos com certificação quanto à sustentabilidade de pesca ou cultivo.

As espécies de maior valor comercial como o camarão, estão mais ameaçadas de extinção. Polvo e lagosta são outras ameaçadas. “Estão acabando. Daqui a pouco, as pessoas vão parar de consumir porque não há mais disponibilidade”.

Consumo consciente

Sobrepesca e falta de gestão, são os principais desafios da área pesqueira no Brasil, comprova o Guia. Outra dificuldade é a escassez de informações para o público em relação aos pescados vendidos.

“O Brasil é um dos grandes países que consomem carne

de tubarão no mundo”. Anna Carolina afirmou que o

tubarão é um animal em extinção, considerado topo de

cadeia alimentar e importante para a biodiversidade marinha, mas

a população acaba comprando tubarão com a falsa ideia de que é cação.

“As pessoas devem evitar (consumir). Não dá para ter esse consumo desenfreado. As pessoas têm que perguntar, procurar se informar”, sugeriu.

Segundo a gerente do Programa Marinho da WWF-Brasil, alguns pescados já são certificados, tanto de aquicultura, quanto de pesca comum. É preciso que haja uma mudança de comportamento do consumidor, para que ele passe a questionar sobre a procedência do pescado que pretende comprar e sua certificação.

Além do estado alarmante de conservação dessas espécies, Anna Carolina destacou outra questão que é a venda dos peixes para o consumidor final inteiramente contaminados, com muitas toxinas prejudiciais à saúde.

Um exemplo é o panga, classificado na categoria amarela, que deve ser consumido apenas ocasionalmente. A gerente do WWF-Brasil observou que algumas espécies de panga resultantes do cultivo em aquicultura são as melhores para serem consumidas, porque não estão contaminadas com toxinas de rios do Vietnã, Tailândia e Camboja, de onde a espécie é proveniente.

Método da pesca

Além disso, o consumidor deve estar atento aos métodos da pesca, porque alguns são extremamente nocivos. Nos cercos, por exemplo, somente as espécies maiores ficam presas na rede. Anna Carolina afirmou que outras espécies marinhas, como tartarugas e golfinhos, quando capturadas de maneira acidental, devem ser devolvidas ao mar por pescadores antes de tirar os cercos da água.

Já o método do arrasto para camarão é considerado uma das piores técnicas de pesca porque acaba trazendo todo o tipo de vida existente no fundo do mar.

“Invariavelmente, somente 10% da pesca de arrasto

compreendem camarão, que seria o objetivo primário

da pesca, e 90% são captura acidental, trazendo toda

essa vida marinha que está no fundo do mar”. Alertou

que a maioria chega quase morta nos barcos.

Esse é o primeiro estudo do tipo lançado no Brasil, embora existam outros similares em outros países. levou 3 anos para ser copncluído. “Aqui no Brasil, nunca nenhum tipo de guia foi feito em escala nacional, pela nossa falta de monitoramento e pela deficiência de gestão pesqueira no país”, disse ela.

Acredita a Gerente que, se a rede varejista mudar a postura, adquirindo pescados certificados, os estoques poderão ser recuperados. Um novo levantamento deverá ser feito dentro de alguns anos.

Programas de melhoria

Em alguns lugares da costa brasileira, a WWF-Brasil está implantando programas de melhoria de gestão pesqueira, como no litoral norte de São Paulo. Ali, algumas famílias pescam utilizando a técnica do cerco flutuante, oriunda do Japão, com baixo impacto ao meio ambiente.

Um trabalho é feito também com o consumidor final e os donos de restaurantes, além dos pescadores. “A gente espera que, para o futuro, o cenário esteja muito melhor e que a gente tenha conseguido alcançar, por meio dessa parceria com o setor privado e com o aumento da conscientização da sociedade, melhores níveis de saúde das espécies de peixe”, observou.

A Páscoa é um ótimo momento para as pessoas pensarem bem na hora de levar o pescado para casa, lembrou Anna Carolina.

 

 

Fonte: Agência Brasil, OPAN, Governo de SP e WWF
 

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