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Cirurgia de catarata e tratamento de glaucoma voltam a crescer: SUS

27-10-2021 17:49:22 (390 acessos)
Cirurgias de catarata tiveram queda de 47,2% em 2020. Também diminuiu 39,4% no mesmo período, o tratamento de glaucoma. É o que diz o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, de Campinas (São Paulo). Está baseado em relatórios do Sistema de informações Ambulatoriais do SUS. Apesar desse indicação, os dados de janeiro a agosto de 2021, mostram que as cirurgias cresceram 55% comparados com os 202.900 realizadas em 2020.

 


Pesquisa aponta redução de 47,2% na cirurgia de catarata e 39,4% no tratamento de glaucoma. 2021 sinaliza retomada.

A catarata responde por 49% dos casos de perda da visão no Brasil. Pior: Pesquisa do Instituto Penido Burnier, conduzida pelo oftalmologista Leoncio Queiroz Neto, presidente do hospital, aponta redução no País de 47,2% nas cirurgias de catarata no primeiro ano da pandemia.

O levantamento tem como base os relatórios do SIA/SUS (Sistema de informações Ambulatoriais do SUS) que revela 384,4 mil implantes de lente intraocular dobrável para eliminar a catarata de janeiro a agosto de 2019 e 202,9 mil cirurgias no mesmo período de 2020. Em 2021, entre janeiro e agosto ocorreu recuperação de 55% no número de cirurgias comparado a 2020, mas ainda assim, os 314,6 mil procedimentos realizados pelo SUS de janeiro a agosto deste ano está 18% abaixo do realizado no mesmo período de 2019.

Para Queiroz Neto já era esperado que a pandemia tivesse impacto maior sobre a visão dos idosos uma vez que o envelhecimento aumenta os problemas de visão. Outra evidência disso é a queda de 35% nas consultas oftalmológicas realizadas pelo SUS durante a pandemia apontada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte. O CBO também revela que até julho deste ano foram realizadas 265 mil cirurgias de catarata.  Significa que no mês seguinte foram realizadas 49,6 mil novas cirurgias.

O oftalmologista afirma que muitos tem medo de operar por falta de informação e esta é uma das causas do alto índice de cegueira por catarata. A cirurgia é o único tratamento para a doença. “O procedimento é rápido, dura 15 minutos, a anestesia é local com aplicação de colírio no olho, mais sedação para o paciente relaxar”, afirma. Consiste no implante de uma lente que substitui o cristalino, lente interna do olho que se torna opaca como um vidro embaçado. A maior causa da catarata, explica, é o envelhecimento.” Mas a doença também pode surgir em jovens quando há casos na família, resultar de um trauma no olho, falta de proteção contra a radiação ultravioleta do sol ou do uso contínuo de corticoide”, salienta.

Quando operar

Os primeiros sinais da catarata são: visão embaçada, troca frequente de óculos e dificuldade para dirigir à noite. O médico ressalta que quanto menos brasileiros operam maior o custo social. Isso porque, para cada real gasto no procedimento são economizados 4 reais. Por exemplo, comenta, uma estimativa do Ministério da Saúde aponta que 3 em cada 10 brasileiros com mais de 60 anos sofrem, pelo menos, uma queda anualmente. A visão embaçada pela catarata é, sem dúvida, uma importante causa de ferimentos nos olhos, fraturas e acidentes no trânsito porque diminui a visão de contraste e de profundidade, pontua. No consultório, comenta, é comum atender idosos que não conseguiram renovar a CNH. A dica do especialista é sempre passar por um exame oftalmológico antes da prova para garantir a renovação. “Quando a visão atrapalha as atividades é hora de operar” afirma.

Diagnóstico de glaucoma encolhe

Queiroz Neto afirma que a pesquisa junto ao SIA/SUS também mostra em 2019, até o mês de agosto, comparado ao mesmo período de 2020, a tonometria, exame que mede a pressão intraocular para diagnosticar o glaucoma, encolheu 39,4%, caindo   de 3,88 milhões para 2,35 milhões. O oftalmologista explica que a doença é apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa global de cegueira irreversível. Não dói, nem apresenta sintomas no início. Geralmente aparece em quem já passou dos 40 anos, sofreu trauma ocular, é afrodescendente ou oriental, tem doenças que alteram a vascularização do olho como miopia ou diabetes, e em pessoas com alterações na anatomia dos olhos que dificultam a circulação do humor aquoso, gel que preenche o globo ocular.

O oftalmologista destaca que na pesquisa também comparou o número de tonometrias entre 2020 e 2021 até o mês de agosto. A quantidade de exames realizados aumentou de 2,35 milhões para 3,47 milhões respectivamente, evidenciando, portanto, um aumento de 47% nos exames que ficaram 10% abaixo de 2020 quando a pandemia chegou ao Brasil. Outra revelação do levantamento é que as consultas no SUS com bateria completa de exames para detectar o glaucoma que inclui além da tonometria, a campimetria ou medição do campo visual que vai sendo perdido na doença e a fundoscopia para checar alterações no nervo óptico, representa menos de 10% das consultas que incluem apenas a tonometria.

Segundo o oftalmologista, o maior risco do glaucoma é a falta de sintomas que faz metade dos brasileiros diagnosticar a doença em estágio avançado.

A estimativa do CBO é de que a doença hoje atinge 2,5 milhões de brasileiros e o envelhecimento da população deve aumentar este número. Queiroz Neto explica que 90% dos casos são do tipo primário de ângulo aberto, caracterizado pelo aumento da pressão interna do olho e requer uso contínuo de colírio.  Os outros 10% restantes são do tipo primário de ângulo fechado mais frequente em orientais. Provoca o súbito e aumento da pressão intraocular causado pelo fechamento da câmara anterior do olho devido ao espessamento do cristalino ou da borda da íris, bloqueio pupilar relacionado a medicamentos, ou a combinação dessas alterações. O médico afirma que o fechamento do ângulo requer atendimento oftalmológico imediato. Os sinais de alerta são: enxergar halos, dor de cabeça, visão turva, náusea e vômito.

Pressão intraocular

Queiroz Neto ressalta que muitas pessoas têm a falsa crença de que pacientes com glaucoma não podem passar pela cirurgia de catarata. Não é bem assim. Conta o Médico que muitos passam a controlar melhor o glaucoma após a cirurgia de catarata, inclusive com diminuição do número de colírios usados. Isso porque, a substituição do cristalino por uma lente intraocular maleável facilita a circulação do humor aquoso.

Menos colírio

A boa notícia é que um estudo publicado no The Lancet revela que a cirurgia de catarata pode ser adotada como tratamento de primeira linha do glaucoma primário de ângulo fechado. Realizado com 419 portadores de glaucoma, o estudo submeteu 208 participantes à cirurgia de catarata. Três anos depois os pacientes operados permaneceram usando menos colírio, a pressão intraocular se manteve 1 mmHg menor que os não operados, a função visual e a refração também apresentaram melhora.

Entre os 211 participantes que passaram pela iridotomia a laser, técnica cirurgia utilizada em pacientes com glaucoma na qual é feito um furinho na íris para facilitar o escoamento do humor aquoso, o uso de colírios caiu muito pouco, três participantes ficaram permanentemente cegos contra 1 do grupo que operou catarata, a função visual e a refração permaneceram inalteradas.

Queiroz Neto afirma que os casos de glaucoma muito avançados inviabilizam o controle do glaucoma apenas com a cirurgia de catarata. Outra variável elencadas pelo médico é  já ter passado por iridotomia.

 

 

Fonte: Instituto Penido Burnier, SP - Eutrópia Turazzi
 

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