Estas indicações estão na mais recente Atualização do Comércio Global, publicada pela UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) que é a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento.

Mas o relatório da UNCTAD adverte que a desaceleração durante o segundo semestre de 2022, aponta para condições mais difíceis em 2023.

"As previsões de crescimento econômico para 2023 estão sendo revisadas para baixo devido aos altos preços da energia, ao aumento das taxas de juros, à inflação sustentada em muitas economias e às repercussões econômicas globais negativas da guerra na Ucrânia", diz o relatório.

"Espera-se que o aperto contínuo das condições financeiras aumente ainda mais a pressão sobre os governos altamente endividados, ampliando as vulnerabilidades e afetando negativamente os investimentos e os fluxos comerciais internacionais".

Nem todas as notícias são sombrias. Apesar da desaceleração no valor do comércio, os volumes gerais de comércio continuaram a crescer ao longo de 2022 – um sinal de demanda global resiliente, diz o relatório.

"Parte do declínio no valor do comércio internacional durante o segundo semestre de 2022, se deve a uma diminuição nos preços dos produtos primários", diz o texto. Destaca também os fatores positivos de novos acordos comerciais – como a Parceria Econômica Regional Global e a Área de Livre Comércio Continental Africana – e da melhoria da logística.

"Os portos e as companhias de navegação já se ajustaram aos desafios trazidos pela pandemia de COVID-19", diz o texto. "As taxas de frete e carga ainda estão acima das médias pré-pandemia, diz, a tendência é de queda.

Mudanças na cadeia de suprimentos e transição verde afetarão o comércio

Dois outros fatores que podem afetar os padrões de comércio em 2023 são a evolução das cadeias de suprimentos globais e a transição para uma economia mundial mais verde.

As incertezas permanecem altas para as operações da cadeia de suprimentos, diz o relatório. As estratégias de mitigação – incluindo a diversificação de fornecedores, o remanejamento, o near-shoring e o friend-shoring – provavelmente afetarão os padrões de comércio global no próximo ano.

Enquanto isso, espera-se que os esforços para construir uma economia global mais verde estimulem a demanda por produtos ambientalmente sustentáveis", diz o relatório, "ao mesmo tempo em que reduzem a demanda por bens com alto teor de carbono e por combustíveis fósseis.

Leste Asiático mostra resiliência

No terceiro trimestre de 2022, o valor do comércio global de bens ficou bem acima dos níveis do mesmo período de 2021, tanto para os países em desenvolvimento quanto para os desenvolvidos.

No entanto, em uma base trimestral, o comércio diminuiu em todas as regiões geográficas – exceto no Leste Asiático, que mostrou considerável resiliência.

"Quando as economias do Leste Asiático são excluídas, o declínio mais significativo no comércio dos países em desenvolvimento é notável", diz o relatório.

O relatório fornece indicadores para o desempenho do comércio a nível nacional, juntamente com análises e dados para os principais setores económicos.