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Conselho Federal prova que há médicos suficientes no Brasil

Conselho Federal prova que há médicos suficientes no Brasil
[foto] - Conselho Federal prova que Brasil tem e forma médicos suficientes. Foto AgBr, Marcelo Camargo

06-02-2023 16:04:57
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Brasil possui médicos ativos, com registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), em número suficiente para atender a população. É um dos maiores do mundo, mas apesar disso ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso a esses profissionais. Nas regiões Sul e Sudeste onde estão 49 cidades com mais de 500 mil habitantes (32% dos brasileiros), encontram-se 62% dos profissionais de Medicina. Mas em 4.890 municípios (65,8 milhões), atuam 8% dos médicos.

 


No relatório Demografia Médica no Brasil 2023, agora publicado (230206) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), números indicam que há no País 546 médicos em atividade. Isso significa disponibilidade de 2,56 por 1000 habitantes. Esse número é o dobro dos que trabalhavam no País, há 20 anos, resultado da criação de escolas e vagas.

Com estyatíustica na mão, membros do CFMprojetam que em 5 anos serão 3,63 médicos a cada 1000 habitantes. “Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de 5 anos, em 2028, o País contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).”

O atual índice brasileiro de 2,56 médicos por mil habitantes já é compatível com

o de países como Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7), Japão (2,5) e Coreia do

Sul (2,5), além de ser maior que o do Chile (2,2), da China (2) e da África do

Sul (0,8). Com o incremento esperado, em cinco anos, o Brasil deve

ultrapassar Nova Zelândia (3,4), Irlanda (3,3), Israel (3,3),

Finlândia (3,2), França (3,2), Bélgica (3,2) e Reino Unido (3).

Segundo o CFM, desde 2010, a população brasileira passou de 190,7 milhões para 214 milhões, enquanto a proporção de médicos por mil habitantes foi de 1,76 para 2,56. No mesmo período, foram abertas mais de 200 escolas de medicina. A cada ano, cerca de 28 mil médicos se somam ao mercado. Com uma vida profissional longa – cerca de 43 anos –, alguns estudos estimam que o Brasil deve ter quase 837 mil profissionais em 5 anos.

Mulheres médicas são 49%

Dados da plataforma Demografia Médica no Brasil 2023, lançada (230206) pelo Conselho, mostram que os homens representam 51% do contingente ativo (277,8 mil profissionais) e as mulheres, 49% (267,7 mil). A evolução dos indicadores indica que, em poucos anos, as mulheres sejam maioria. Em 1990, elas eram apenas 30% da força de trabalho médica, passando para 39,9% em 2010, e chegando, agora, a quase metade.

Os números indicam ainda que a média geral de idade dos médicos em atividade no Brasil vem caindo nos últimos anos. Em 2015, a média era 45,7 anos. Agora, está em 44,9 anos. O fenômeno é resultado do crescimento do número de cursos e vagas de graduação em Medicina e, consequentemente, da entrada de novos médicos no mercado de trabalho.

Para os homens, a idade média, em 2023, é 49 anos. Para as mulheres, 42,5 anos. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados que têm idade média mais alta entre a população médica: 50,3 anos e 47,8 anos, respectivamente. Já os estados com profissionais mais jovens são Tocantins e Rondônia, com média de idade 41 anos.

Brasil tem médicos para todos

Para o CFM, o Brasil possui médicos ativos, com registro nos CRMs, em número absoluto suficiente para atender às necessidades da população. Mas, apesar do significativo contingente e um dos maiores do mundo, ainda há um cenário de desigualdade na distribuição e fixação desses profissionais e também no acesso a eles.

Os dados apontam que a maioria dos médicos permanece concentrada no Sul e no Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 49 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes e que juntas concentram 32% da população brasileira, estão 62% dos médicos do país. Já nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, onde vivem 65,8 milhões de pessoas, estão pouco mais de 8% dos profissionais.

Apesar de juntas responderem por 24% da população do país, as 27 capitais brasileiras reúnem 54% dos médicos. Por outro lado, vivem no interior 76% da população e 46% dos médicos ativos no país. Os números mostram ainda que as capitais têm uma média de 6,21 médicos por mil habitantes contra um índice de 1,72 no interior.

As diferenças também ocorrem entre as regiões brasileiras. No Norte, vivem 8,8% da população brasileira e 4,6% dos médicos do país. O Nordeste abriga 27% dos brasileiros e 18,5% dos médicos. O Sudeste responde por 42% da população e 53% dos profissionais. O Sul e o Centro-Oeste abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,8% da população e têm 15,7% e 8,4% dos médicos do país.

Análise

Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, o País conta com diversas escolas de Medicina “sem a menor condição de funcionamento”. Citou o estado de Rondônia, com 8 faculdades de Medicina, cada uma formando entre 100 e 150 profissionais por ano. “É um número exacerbado de escolas médicas no Brasil", disse, ao citar instituições sem hospital-escola ou hospital de ensino. "Fica muito difícil esse médico sair com uma boa formação.”

“Não adianta colocarmos médicos bem formados nesses 5,55 mil municípios do Brasil sem ter infraestrutura de trabalho, leitos, equipamentos, medicamentos, acesso a exames e apoio de equipe multiprofissional. O CFM não aceita dois tipos de medicina: uma para o rico e outra para o pobre.” Assim considera Hiran Gallo, ao confirmar o que chamou de excesso de profissionais no País.

Donizetti Giamberardino,coordenador do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas do CFM, defende a elaboração de políticas de fixação do profissional de saúde em cidades de difícil provimento. “Os documentos sempre demonstraram que, mesmo formando mais médicos anualmente, a má distribuição persistiu. Temos mais médicos nas capitais e muitos municípios que não têm médicos.”

“Precisamos de um financiamento adequado, de uma avaliação adequada de recursos, de uma política de recursos humanos de fixação do médico e de outros profissionais em cidades de difícil provimento”, disse, ao defender uma política de integração de rede. “Não podemos confundir a desejada descentralização com a municipalização de sistemas”, concluiu.

Plataforma mostra realidade

plataforma Demografia Médica no Brasil 2023 é uma ferramenta dinâmica, intuitiva e online que possibilita aos usuários conhecer os números mais recentes sobre a distribuição e o perfil da força de trabalho médica no País. A versão disponibilizada pelo CFM apresenta dados de 31 de dezembro de 2022. Em seis meses, uma nova carga deve ser implementada.

A proposta é democratizar o acesso a informações sobre o perfil de médicos no Brasil. Com poucos cliques, é possível saber quantos profissionais em atividade há no país, incluindo recortes por estado, por capital e no interior de cada unidade federativa, além da proporção de médicos por habitante.

Também é possível saber detalhes como faixa etária, sexo e tipo de formação dos profissionais de saúde. Os dados, de acordo com o CFM, contam com atualização online, e os painéis contemplam os seguintes eixos e informações: médicos no Brasil; evolução populacional; indicadores de evolução; distribuição geográfica; ranking de estados e capitais; e indicadores internacionais.

 

 

Fonte: CFM e Agência Brasil, Paula Laboissière
 

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