Contato sem limites com as telas e a falta de exposição ao sol, são os dois fatores ambientais que mais contribuem com o aumento da miopia, ou dificuldade de enxergar à distância, entre crianças, no mundo todo diz o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier.
De fato, diversas pesquisas já apontaram esta correlação. "Por isso, a regra é colocar as crianças em locais abertos para conter a progressão da miopia, diminuir a resistência à insulina que causa o diabetes tipo 2., fortalecer a saúde óssea, o sistema respiratório e a imunidade através da síntese e absorção da vitamina D que ocorre quando estamos em contato com o sol."
No Brasil, a projeção da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a prevalência de miopia entre 2020 e 2030 aumente quase 30%, passando de 27,7% para 35.9% da população. O oftalmologista diz que a miopia em si não é um grave problema desde que recebe a correção adequada. O problema é sua progressão. Acima de seis dioptrias pode causar na idade adulta catarata precoce, descolamento ou rasgo na retina, glaucoma e degeneração macular, condições que levam à perda da visão.
Miopia e Ortoceratologia
Queiroz Neto que também é membro fundador da ABRACMO (Academia Brasileira de Controle da Miopia e Ortoceratologia), conta que durante o Congresso Mundial de Controle da Miopia organizado pela Academia entre 2023 e 2024, foi apresentado por Pei-Chang Wu, pesquisador de Taiwan, um estudo realizado com 1,2 a 1,9 milhão de crianças do ensino primário entre 2001 e 2015. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. Na primeira, entre 2001 e 2010 as crianças não foram estimuladas à exposição ao sol e a baixa acuidade visual saltou de 34,8% para 50%, ou seja, em média 1,52% ao ano.
Na segunda fase, entre 2012 e 2015 as crianças foram expostas 2 horas/dia ao sol e a baixa acuidade visual diminuiu de 49,4% em 2012 para 46,1% em 2015.
O oftalmologista explica que este efeito benéfico do sol está associado ao fato da radiação UV fortalecer a reticulação das fibras de colágeno da córnea e da esclera, parte branca do olho, e dificultar o crescimento do olho, uma das características da miopia é o aumento do comprimento do olho
Melhor lente para crianças
Queiroz Neto afirma que a melhor lente até a idade de 9 anos para proteger os olhos das crianças do excesso de radiação são as fotossensíveis. Isso porque até esta idade nossos olhos estão em desenvolvimento e a variação da luminosidade que penetra nos olhos interfere no bom desenvolvimento do olho. Naturalmente, o bom senso também faz diferença. A exposição em horários de pico de radiação deve ser evitada, ainda que os olhos estejam protegidos com lentes que filtrem 100% da radiação UV.
Novos tratamentos
Hoje além dos tradicionais óculos , lentes de contato e cirurgia refrativa para corrigir a miopia moderada ou alta, há diversas alternativas para prevenir a progressão da miopia. As principais são: lente ortoceratológica que aplana a córnea à noite para eliminar o uso noturno de óculos, lentes de contato gelatinosas com um design especial e até diferentes modelos de óculos que controlam a evolução da miopia.
Queiroz Neto afirma que a miopia não tem cura, mas tem tratamentos bastante avançados inclusive cirurgia com implante de uma lente para corrigir a refração de altos míopes. Recurso está se popularizando no País com o aumento da alta miopia. Quem tem crianças em casa deve aproveitar o período de férias para que passem por uma consulta. O insistente uso de telas pode comprometer o aprendizado na volta às aulas.
Fonte: Instituto Penido Burnier SP - Eutropia Turazzi
Não há Comentários para esta notícia
Aviso: Todo e qualquer comentário publicado na Internet através do Noticiario, não reflete a opinião deste Portal.