Resultado final do trabalho será a redução dos custos de produção, incentivo à adoção de novas tecnologias e melhores práticas no solo, pela boa gestão de água e plantas.
Caravana Embrapa FertBrasil conforme explica a EMBRAPA, é uma das medidas de curto e médio prazo, estipuladas pelo Plano Nacional de Fertilizantes, já lançado pelo Governo Federal. Com ações bem estudadas, espera-se reduzir a dependência das importações de produtos e tecnologias, situação agravada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Celso Moretti, presidente da EMBRAPA, explica objetivos a serem conquistados: "Nosso objetivo é sensibilizar líderes das cadeias produtivas agrícolas, bem como técnicos, consultores e agentes multiplicadores, para que o Brasil possa superar a crise dos fertilizantes por meio da formação e do intercâmbio de conhecimento sistêmico entre instituições de pesquisa e do setor produtivo, e assim estabelecer um diálogo entre pesquisa e agronegócio no Brasil, propondo soluções tecnológicas para cada um desses 30 centros agrícolas."
Caravana Embrapa FertBrasil vai abordar questões práticas de impacto imediato, que, em combinação com outras iniciativas do Plano Nacional. Imagina ganhos de até 20% no uso de fertilizantes para a safra 2022/23, o que pode resultar em até um bilhão de dólares de economia para os agricultores brasileiros.
Até o final da safra 2022-2023, os pesquisadores terão abordado as principais regiões produtoras do Brasil, enfatizando a importância do manejo sustentável de solos e fertilizantes para maximizar a eficiência do uso desses insumos, melhorar a produtividade e garantir a competitividade da agricultura e da produção de alimentos no Brasil.
"Quando aprendemos agronomia, eles nos ensinam que as aplicações de fertilizantes dependem da análise de fertilidade do solo e da análise das folhas vegetais. Mas sabemos que em muitos lugares do Brasil, eles acabam usando um pacote tecnológico genérico fora da caixa. Por exemplo, uma aplicação de 500 kg/ha de fertilizante NPK [nitrogênio, fósforo e potássio] independentemente da fertilidade do solo em questão, mas de acordo com o preço do fertilizante", afirmou Moretti.
As estratégias de manejo da água e do solo para o uso racional de fertilizantes serão sistematizadas pela Embrapa em módulos de palestras padrão, adequados às condições dos diferentes biomas brasileiros, e que personalizarão e nivelarão as informações para cada uma das regiões produtoras do País.
Ao final das apresentações em cada região produtora, serão alinhadas as necessidades regionais de conhecimento tecnológico, seguidas de um amplo debate sobre os principais problemas encontrados em cada região. Em algumas áreas haverá demonstrações da eficiência de algumas das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa por meio de Unidades de Demonstração de Referência Tecnológica.
"Essa caravana também fará um diagnóstico preciso e regionalizado dos desafios reais de curto prazo que os agricultores enfrentam para melhorar cada vez mais as ações dentro do Plano Nacional de Fertilizantes, já que o Plano foi construído pelo Governo e pelo setor produtivo", afirma Bruno Caligaris, diretor de Projetos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE-PR).
As atividades presenciais serão destinadas aos técnicos de extensão rural; técnicos de cooperativas, sindicatos de agricultores e associações de agricultores; e líderes de produção; com o objetivo de alcançar cerca de 10 mil profissionais e torná-los multiplicadores das técnicas e orientações transmitidas pela equipe de pesquisadores e analistas da Embrapa e por parceiros que irão compor cada Caravana.
Após cada vez que a Caravana da Embrapa passar por uma macrorregião agrícola, a Embrapa transformará o conhecimento sistematizado em módulos digitais para alimentar um hotsite e contribuir para a construção de uma plataforma de conhecimento digital abrangente sobre o tema, que poderia ser oferecida a multiplicadores de referência, como CNA/SENAR, EMATERs e cooperativas agroindustriais.
A modelagem da Caravana Embrapa FertBrasil permitirá eventos de capacitação durante sua estadia nas diferentes regiões produtoras brasileiras. Eventos de capacitação virtual também estão sendo planejados pós-caravana, para agricultores, líderes e técnicos, utilizando o sistema e-Campo da Embrapa ou outras ferramentas de aprendizagem disponíveis. Neste momento, a empresa procura patrocinadores da Caravana no setor privado e no setor produtivo. Os interessados em participar da iniciativa podem entrar em contato com depd@embrapa.br.
Esta será a segunda caravana itinerante que a Embrapa promoveu. Entre 2013 e 2015, a empresa também cobriu as principais regiões produtivas do país para disseminar soluções tecnológicas para o controle da lagarta Helicoverpa armigera, praga exótica que invadiu o território brasileiro causando fortes perdas nas principais culturas de caixa.
Cinco frentes de pesquisa
As agendas de pesquisa da Embrapa e de instituições parceiras também têm outras atividades para ajudar a reduzir a dependência brasileira de fertilizantes importados. Nosso objetivo é reduzir a demanda por fertilizantes importados em 25% até 2030. O Brasil não tem varinha mágica para mudar isso da noite para o dia", afirmou o presidente da Embrapa. Por isso, segundo ele, a empresa priorizou cinco frentes de pesquisa: biofertilizantes, fertilizantes organominais, fertilizantes nanoestruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo com farinha de pedra.
Além da iniciativa em parceria com a Embrapa, o Governo Federal (por meio do MAPA e do SAE-PR) vem desenvolvendo estratégias de promoção e financiamento para aumentar a produção de bioinsumos, fertilizantes orgânicos-minerais, nanotecnologia e agricultura digital no âmbito do Plano Nacional de Fertilizantes. "A agricultura brasileira é forte, vai continuar sendo forte, e temos que dar alternativas para que continue funcionando", ressaltou a ministra Tereza Cristina em conversa com jornalistas na semana passada.
Atualmente, o Brasil consome cerca de 8,5% de todos os fertilizantes em nível global e ocupa o quarto lugar; China, Índia e Estados Unidos aparecem no topo dessa lista. Esses países também são grandes produtores mundiais de fertilizantes, com exceção do Brasil, que em 2021 importou cerca de 89% das 43 milhões de toneladas consumidas pela produção agrícola.
No Brasil, soja, milho e cana-de-açúcar respondem por 73% do consumo de fertilizantes. A Rússia é responsável pelo fornecimento de 25% dos fertilizantes brasileiros. Ao lado da Bielorrússia, eles fornecem conjuntamente mais de 50% do potássio consumido anualmente pelos agricultores brasileiros.
Fonte: EMBRAPA e MAPA
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