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Pobreza, marginalização e racismo, desafios da mulher negra


07-03-2019 21:47:14
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Pobreza, marginalização, racismo; eis os desafios enfrentados pelos negros no Brasil, nas Américas e pelo mundo. São 200 milhões no Caribe e América Latina; povo que sofre as consequências da incultura e das próprias condições sócioeconômicas da conjuntura mundial. No Brasil, 7 em cada 10 casas que recebem bolsa família, são de negros.

 


Há uma resistência inteligente por parte da Associação Rede de Mulheres Afro-Latinas, Afro-Caribenhas e da Diáspora (Mujeres Afro). Objetivos são múltiplos, mas o principal é a promoção do ser humano de cor negra, pela qualificação cultural e profissional. Dão visibilidade às aspirtações e  fazem denúncias sobre discriminação e em defesa de direitos.

Em Porto Rico, por exemplo, estudo mostra que um homem branco com ensino superior tem 89% mais chances de entrar no mercado de trabalho. No caso das mulheres negras, o percentual é menor: 60%. No Uruguai, a taxa de desemprego chega a 7%, mas entre as mulheres negras sobe para 14,3%.

 

Plataforma política

O documento Plataforma Política, diz que “a situação de marginalização e exclusão socioeconômica que vivem as populações afrodescendentes se deve mais à situação de classe do que ao próprio racismo. Sustenta a ideia de que se forem alcançados níveis socioeconômicos mais altos não se teria barreiras para a mobilidade social e, portanto, não seriam vítimas de racismo. Sobre esta base está instalada a ideologia da democracia racial que invisibiliza as diversas maneiras em que o racismo se expressa de forma subterrânea mas devastadora”.

“Nós, mulheres negras, pertencemos a uma mesma comunidade de destino. Foi possível evidenciar mais uma vez que racismo, sexismo, lesbofobia, fundamentalismos são os mesmos vetores que movem a dominação e a exclusão de milhões de mulheres negras no Continente”. São palavras de Nilza Iraci, coordenadora de comunicação do Geledés – Instituto da Mulher Negra.

A coordenadora relatou que, durante a 1ª Cúpula de Lideranças Femininas Afrodescendentes das Américas em Manágua (Nicarágua), foi possível perceber as semelhanças nas condições das mulheres negras. “Um exemplo clássico é verificar as falas da palanquera, da Colômbia; das quilombolas, do Brasil; e das garífunas, na América Central. Juntas falam de problemas e vivências semelhantes, como se fosse uma comunidade única. Também pode ser verificado entre as jovens da região, falta de oportunidades, emprego e perspectivas; e em todas as mulheres que vêm sendo vitimizadas pelo avanço dos fundamentalismos religiosos que tentam legislar sobre seus corpos e sua sexualidade. Ou seja, esses fatores formam um caldo de cultura onde a mulher negra é a mais vitimizada”.

 

Brasil com boas políticas

Nadine Gasman, representante da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres no Brasil, diz que o Brasil se destaca na América Latina por ter políticas públicas e instituições oficiais de combate às desigualdades, como a Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

“Nós falamos muito em acelerar os processos para garantir que essas diferenças diminuam em um tempo rápido, porque são brechas históricas que têm que se fechar. Mas as políticas públicas, o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec, o Brasil sem Miséria têm sido políticas muito importantes que têm mudado a cara e a inserção das mulheres negras no Brasil de uma maneira muito importante”.

 

Mulheres negras vulneráveis

No entanto, a representante reconhece que as mulheres negras estão atrás nos indicadores sociais e econômicos do país. “Por exemplo, em termos de pobreza, a população negra é mais vulnerável, sete em cada dez casas que recebem o Bolsa Família são chefiadas por negros, sendo que 37% das casas são chefiadas por mulheres. Temos entre mulheres brancas um desemprego de cerca de 9%, entre as mulheres negras ultrapassa 12%. Outra área que vale a pena ressaltar é o tema da renda. As mulheres negras recebem 42% do salário dos homens brancos. É muito chocante elas receberem menos da metade do salário dos homens brancos”.

Para Nilza Iraci, do Geledés, o maior avanço no País foi a organização dos movimentos sociais, já que “os indicadores sociais têm demonstrado que, apesar da conquista de políticas públicas, elas não têm sido capazes de transformar a realidade e a vida de milhares de brasileiras”.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres destaca que o Governo Federal tem implementado, na última década, diversas políticas voltadas à promoção da igualdade das mulheres negras, como o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, a aplicação da Lei Maria da Penha e o enfrentamento da exploração sexual e do tráfico de mulheres.

 

 

Fonte: Agência Brasil
 

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